Sentada em um canto do quarto, estava Lilith. Na sua frente havia um livro em branco que ela olhava ansiosamente, sem saber o que escrever.
Depois de um tempo em duvida, ela segurou sua pena e ensaiou algumas palavras no ar. Sorrindo, a bruxa segurou o livro, molhou a pena no tinteiro e enfim, começou.O Diário de um Pirata
Por Lilith Von Drake
Primeiras memóriasQuerido diário.Diário. Nos últimos dias aconteceram tantas coisas, que decidi fazer você. Assim, quando casar com o homem da minha vida (que será um cavaleiro lindo de cabelos esvoaçantes e olhos azuis, galante e valente, que vai me amar por toda a eternidade) e tiver filhos, eles poderão ler e saber como sua mãe se transformou em uma grande pirata.
Tudo começou com um probleminha pequeno, quase inexistente, na verdade era tão pequenininho que nem merecia ser mencionado aqui, que eu tive em Geffen. O pessoal lá queria me linchar, dá pra acreditar? Só porque explodiram alguma coisa por lá e meu nome estava em uma lista estranha que veio do céu. E antes que você, querido filho (ou filha, quem sabe?), diga que faz sentido, não fui eu que explodi seja lá o que tenha explodido.
Fugi por pouco... Quase que me pegam. Se o chamuscado não tivesse derrubado tudo por onde eu passava pra retardar a galera, eles teriam conseguido arrancar o meu lindo courinho. E vamos dizer que eu gosto da minha pele onde ela está.
Mais tarde eu vim a perceber que o maldito panfleto foi espalhado por toda parte e, nem Prontera e Juno eram um lugar seguro.
Só pra deixar registrado... Quando eu colocar as minhas mãos no engraçadinho que espalhou aquela droga impressa, eu juro que nem no inferno ele verá tanta fúria.
Então eu decidi me esconder por um tempo nas ilhas alem do mar. Afinal, se aquele lixo tivesse sido espalhado por lá, ninguém me reconheceria mesmo. Quero dizer, não tinha foto nem nada no panfleto e, se me perguntassem meu nome, eu falaria algo como Selene ou Liriah. Na hora do desespero vale tudo, não?
Fui pra Alberta, só pra descobrir que nenhum barco aceitaria minha entrada se eu não me identificasse. Juro que naquele momento eu pensei “Só pode ser sacanagem”. Mas então uma idéia brilhante (apesar de chamuscado ficar falando o tempo todo que não tinha como dar certo e que eu era uma cabeça de vento) me ocorreu.
Eu iria me infiltrar em um barco.
Claro que eu não pensei em alguns detalhes técnicos (como levar comida, aonde eu ia dormir a viagem inteira, aonde exatamente me esconderia e o que eu faria se me pegassem), afinal de contas, ninguém é perfeito.
Entrei no barco com menos vigilância que encontrei (ou nenhuma se preferir).
A bandeira pirata deveria ter me dado uma dica de que talvez, meu plano não fosse assim tão bom, mas eu estava empolgada e fui em frente. Não sabia exatamente como funcionava um barco (confesso que ainda não sei). Mas imaginei que o porão ficasse pra baixo (obvio).
Quando eu me perdi lá dentro daquele barco enorme, eu e o chamuscado começamos a brigar (só pra variar, ele realmente é um chato engraçadinho). Foi então que ouvimos vozes.
Juro que na hora eu fiquei tão branca que me passaria facilmente por um fantasma (ou uma munak, o que da no mesmo). Minhas pernas viraram gelatina na hora. E pra ajudar mais ainda, o maldito, pentelho de uma figa do chamuscado, começou a rir como um doente. Se eu não estivesse tão ocupada tentando parar de tremer, juro que dessa vez ele tinha morrido.
Enquanto eu me distraia com o maldito chamuscado, um homem pulou na minha frente me apontando uma flecha. Juro que gritei tão alto que as pessoas poderiam me escutar em Moscóvia.
Quando ele viu que fiquei um pouco exaltada (chamuscado me chamou de histérica, mas o que ele entende de mulher?), abaixou o arco.
Ele ficou me encarando, sem piscar nem mesmo uma única vez. Aquilo foi assustador.
(rabiscos no canto da pagina)
Naquele momento eu pensei que ele me jogaria da prancha ou me prenderia na masmorra (barco tem masmorra?) pra me vender como escrava branca em uma ilha distante. E a situação só piorou quando percebi uma sacerdotisa mal humorada, que me deu muito medo.
No final, descobri que o nome do homem em questão era Coonel, e ele era uma pessoa super simpática e gentil. Ele também tinha o nome na tal lista e, depois de uma conversa amistosa, ele me deixou ficar em seu barco. A sacerdotisa não gostou muito, mas depois, em outra ocasião, descobri que ela é uma pessoa muito doce e meiga. Pena não lembrar o nome dela.
Ele me apresentou o barco, que se chama Deviance (ou algo assim, sou péssima para nomes), e então entramos em um quarto onde havia vários homens que dormiam.
Juro que quando entrei, pensei que alguém cantava no quarto. Havia uma sinfonia de roncos, que eu achei incrível. Eles sincronizavam exatamente, juro por Odim. Quando um parava de roncar pra puxar ar, o outro continuava. Não havia 1 segundo de silencio.
Fiquei horrorizada quando o Capitão Coonel me disse que eu dormiria ali, junto com os meninos. Fiquei pensando em como iria dormir com aquele barulho infernal de roncos desafinados. Tentei até sorrir e ser otimista.
Acho que ele, percebendo o meu... Desconforto diante da situação (e as risadas histéricas de um certo fumacento), ficou penalizado e me arrumou um par de tapa ouvidos. Eles estavam meio sujos, mas mesmo assim eles caíram do céu.
Depois que ele saiu, fiquei deitada muito tempo na cama, pensando em como, exatamente, eu fui parar ali. E confesso que dormi sem chegar a uma conclusão.
E foi assim que eu conheci os Corsários de Aegir.
*~*~*~*
Fechando o livro/diário, ela bocejou e foi dormir.[off]
Sim, meu tão querido diário.... Espero não ter ficado muito cansativo.
PS: Imagens feitas inteiramente no Paint por alguém que não sabe desenhar, então não sejam muito duros com os rabiscos da Lilith.