Nero Angelo – The path of gunpowder - O caminho da pólvora
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- Scarlet era uma menina de ouro, farei isso por você, apenas pelos velhos tempos. Me lembro de quando você era um muleque respondão e cheio de si – Riu-se de sua própria nostalgia.”
Réquiem para as memórias
Era um fim de tarde, o sol já se punha para dormir e a chegada da noite trazia inesperados vizitantes para a solidão daquela área inóspita. As imponentes montanhas que se seguiam logo após os limites de Hugel separavam o mundo conhecido daquilo que era incompreensível, desconhecido.nenhum grupo de desbravadores ou expedição tinha atravessado a linha do ermo que essas majestosas rochas cobertas de gelo tinham traçado, nem mesmo uma alma viva ousou pisar naquelas terras até então selvagens, ou não voltou para contar história. Nesse ambiente castigado pelos incessantes ventos gelados era notável uma pequena cabana simplória, a única no local.
Os visitantes chegavam montados em pecos cobertos por peles de lã que se sobrepunham em seus corpos já protegidos por vistosas penas.
- É aqui! Vamos Nero, apresse -se!
- Ok.. - Respondeu o garoto, estava cansado e seu corpo à muito castigado pelo frio, mal podia esperar para adentrar aquela cabana iluminada para provar da refeição que exalava um perfume saboroso, pensou também nos pobres animais que os carregavam já por quatro dias e quatro noites, imaginava o quão exaustos podiam estar, afinal carregavam não só os dois marmanjos como também todos os equipamentos e peças de roupas, bem como comida, arma e munição. Mas logo depois deixou esses pensamentos de lado, afinal os animais já haviam servido à seu propósitos.
- Quem vem lá?! - Gritou uma sombra que apareçera em frente a porta de entrada da cabana.
Nero ficou em silêncio pouco antes de perguntar para seu mestre:
- E aí K, quem é? Devemos nos anunciar não é mesmo, visto que não podemos ficar nesse frio por muito mais tempo.
O acompanhante de Nero logo se pronuncia:
- Eu sou o forasteiro que vem de muito longe para saudar uma velha amizade, e também você me deve um favorzinho... É tempo de cobra – lo.
- Hahahah!! Você demorou, pensei que tivesse esquecido desse velho armeiro!
- Também... Já reparou onde você mora? É você que gosta de solidão e não eu – Kuroro tomou um gole num pequeno recipiente de metal que levava no coldre de suas calças e continuou – Trouxe um muleque comigo, meu protegido, bastante promissor, é o mais novo membro a ser iniciado na elite dos justiceiros.
- Tá, tá... Já sei o que vai me pedir. Esse garoto parece ser muito jovem, pela pouca idade vejo que os treinamentos estão ficando moles. Bom chega de lenga lenga, devem estar com frio e exaustos, entrem, entrem!!! - Gritava o dono da cabana.
Nero não fez cerimônias ao entrar no recinto. Limpou os pés no carpete e se deparou com um aconchegante local, o cheiro de comida era realmente suculento e comer apenas a ração de emergência oferecida pela guilda durante a viagem, fazia sopa de pedra parecer um refinado caldo de carne.
Logo atrás seu patrono ultrapassava porta adentro, Adrian o comprimentava com um largo sorriso, Nero apenas observava de braços cruzados.
Adrian era um homem que aparentava ter meia idade, de certa estava na casa dos quarenta, magro e de estatura alta, o mesmo parecia ceder fácilmente em uma briga de mãos nuas ou mesmo portando armas brancas, seu rosto era um tanto pálido, mas seu jeito de ser e vivacidade passava uma vitalidade incrível, de sombrancelhas e cabelo lisos e escuros eram penteados de modo à joga-los para trás deixando exposta sua testa avantajada, vestia trajes comuns de camponês.
- Kuroro Lahrrender han!?. Mas que Hel aconteceu com seu cabelo, onde foi parar o rubro que enfeitava sua cabeça ein?! Até parecem irmãos.
- Longa história, nem acreditaria se eu contasse, também não estou com muito tempo de sobra, partirei para um acerto de contas. O muleque. Cuide para que ele aprenda direito.
- Nossa mas é muito novo, nome e idade rapaz? - Dirigiu-se a Nero, parando bem em frente, com os braços para trás, o olhar de Adrian se encontrava com os do jovem, tentava perceber alguma fraqueza. O artista fazia isso com todos os calouros, procurava medo em seus olhares, hora para testa-los, hora para tirar sarro, e se vangloriava disso.
- Me chamo Nero Angelo, tenho 14 anos e não tenho medo de você – Suas palavras podiam ser traduzidas como o mais puro desdém adolescente, mas seus olhos cinzas expressavam um sólido desafio.
- Muito bom garoto, se passar em meus treinamentos receberá uma arma exclusiva, assim como todos os outros que o fizeram. Se passar!
Os dois se olharam por alguns instantes, até serem interrompidos por uma súbita quarta presença, um ser feminino dentre três masculinos. Era a filha do anfitrião.
- Scarlet, minha filha, a comida já está pronta? - abraça a menina. Seu olhar não tinha mais a perícia de um grande observador, suas expressões, nem de longe se assemelhavam aos de um instrutor, eram apenas expressões dignas de um pai atencioso. - Pelo cheiro, deve estar excelente.
- Pare com isso papai, sabe que essas mãos se orgulham mais de ajudar você na criação de armas do que na cozinha.
Scarlet era uma garota de longos cabelos escuros, sua pele era alva tal como a neve daquela região, afinal era raro o Sol dar as caras naquelas bandas, as maçãs do rosto coradas lhe davam uma aparência inocente, seus olhos tão verdes lembravam o leito de um lago profundo, mas sua aparência passava uma falsa fragilidade, logo se notava pelas suas mãos um pouco mal-tratadas que essa menina conheceu o trabalho duro desde cedo, e à julgar pela natureza daquele lugar, tivera de aprender também a caça, além dos trabalhos domésticos. Mas era uma garota exuberantemente bela e também possuía curvas bem sinuosas para uma menina de quatorze anos, isso foi o que Nero pensou ao ver a imagem daquele anjo, segundo suas conclusões.
- Vamos scarlet, comprimente nossos hóspedes. - disse Adrian.
- Olá pessoal – esbouçou na face um sorriso contido, tal como um “bicho do mato” faria. Limitou apenas à essas breves palavras, para depois fitar Nero por poucos instantes.
- Oi! - Os dois responderam.
- Bem vamos comer, vocês devem estar canssados, podemos tomar chá logo em seguida, creio eu, que mais tarde vocês iriam gostar de um banho quente antes de cairem na cama.
E lá se foram os quatro para a mesa redonda de carvalho...
[OFF]
E o passado desse misterioso herói (cara de bunda) vai sendo revelado. Oque podemos esperar das peças desse quebra cabeça? Não percam o próximo episódio de...