O Oráculo era mais um daqueles jornaizinhos fuleiros locais. Na certa, editorado por algum bruxo de Geffen metido a adivinho, visto que suas manchetes não passavam de puras deduções da vida mundana traduzidos em chutes fenomenais de acontecimentos mais absurdos do que a longa seção de esoterismo que ocupava três quartos do boletim de informações suspeitas.
Agora, um acontecimento relevante fez com que a cidade de Magia elevasse o número de exemplares exibidos nas ruas tranqüilas: a morte de alguém. Mais especificamente, a morte de uma criaturinha singular, na ponte a oeste de Geffen.
Tudo bem que o Oráculo não era nada confiável. E não teria sido levado tão a sério, se mais de sete testemunhas não tivessem presenciado a queda espontânea daquela menina, da ponte. Os bruxos de Geffen não querem aquela publicidade espantando os turistas nem os aventureiros. Por isso tratou logo de recolher todos os exemplares publicados antes que eles ganhassem um âmbito maior do que os limites da cidade.
Multas severas seriam pagas por qualquer um na cidade que fosse visto comentando sobre tal fato tão macabro. O jornal fora fechado até segunda ordem. Agora, o único exemplar que não fora queimado jazia abandonado e levado pelo vento, até o Al Mirante da cidade da magia. O cogumelo gigante não podia estar com uma aparência mais esquisita, como se uma cicatriz tivesse sido formada as pressas para reconstituir uma fenda do tamanho de um homem que se abrira no seu interior.
A manchete do jornal liberto dizia:
Suicídio! A forca atinge a todos, até a menos renomada das criaturas perturbadas
Ontem de manhã, um grupo de magos guiados por um bruxo cruzava a ponte a oeste de Geffen para suas atividades costumeiras elementares. Teriam passado normalmente, não tivessem topado no meio do caminho com uma criança, aparentemente uma ninfa com trajes de alquimista. A mesma olhou para o grupo que se aproximou dela correndo ao notá-la com uma corda no pescoço amarrada no suporte da construção.
O ato impensado dos principiantes da magia fez com que a morte prematura da garotinha fosse concluída. Ela se atirou, na frente de todo o grupo estupefato.
Alguns magos desmaiaram, outros se aproximaram da corda, incapazes de se aproximarem mais da menina imóvel pendurada a metros de distância pelo pescoço. Os mais decididos correram para a cidade e alertaram as autoridades. Estas agiram imediatamente.
Não se sabe o que foi feito com o corpo da criança. Nem sua identidade fora revelada. Uma maguinha atarracada nos ofereceu essa exclusiva e a única coisa relevante para divulgação foi à seguinte: “A menininha estava chorando e pedindo perdão antes de pular lá de cima... Eu... Eu e meus amigos tentamos impedir, mas ela apenas pulou...”
Perdão. Uma palavra muito bonita, mas cada vez mais com seu significado distorcido por nós, reles seres vivos. Não sabemos o que é perdoar. Não temos mais esta capacidade, esse dom. Ou você tem? Descubra aqui no quiz da página vinte. São sete perguntas para você entender o verdadeiro significado de perdoar. Ou morrer sem saber.
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São reflexos. Eu fico muito triste de ter que fazer isto, mas é necessário. Está começando. Sentirei saudades da pequena. Espero que vocês também, quem a conheceu.